domingo, 26 de abril de 2009

2 semanas...sim é um adeus possível...

Hoje completei 2 semanas sem fumar. Estou orgulhosa de mim... Mas não pense que está sendo fácil, porque realmente está longe de ser fácil. Minha terapeuta disse que o mérito é todo meu, mas se não fossem meus amigos e minha irmã me apoiando talvez eu não tivesse conseguido chegar até aqui. E também não posso dizer que não vacilei... Essa semana eu fui até o guarda-roupa da Alê, onde sabia que ela estava guardando o meu último maço. Peguei, olhei, cheirei... e quase, quase acendi um cigarro... Depois pensei: para quê despertar os neurotransmissores que estão começando a se acostumar com a falta de nicotina? Por quê decepcionar as pessoas que estão torcendo por mim? Coloquei o maço de volta no lugar, corri para o meu quarto e comi um pedaço de chocolate... Você pode até estar pensando que estou substituindo um vício por outro, que estou me apoiando no chocolate sem necessidade, que dá para aguentar, etc, etc, etc... Eu digo, é difícil largar o cigarro, mas sim, é um adeus possível. Porém, não posso querer fazer tudo ao mesmo tempo e exigir demais de mim. Eu já estou exigindo de mim uma força de vontade que nem eu sabia que tinha...

Essa semana perdi o aniversário de uma grande amiga. Sei que ela ficou brava comigo, mas eu expliquei que baladas são armadilhas para quem quer parar de fumar. E sim, além de abrir mão do cigarro, nós também temos que abrir mão de outras coisas... Ou eu ia e teria que ter uma resistência que eu não sei se tenho, ou eu ficava em casa, disfarçando a vontade de fumar que ainda aparece para me atormentar. E pense... se ela aparece para me atormentar em casa, que não tem nada me provocando, imagine na balada... Preferi não arriscar e ficar em casa. Já foram 2 baladas perdidas, mas sei que foi por uma boa causa. Um dia poderei curtir de novo uma baladinha sem sentir falta do meu companheiro...
Em compensação tenho acrescentado outras atividades na minha vida que eu não dava tanta importância antes. Tenho ido diariamente à academia. O ambiente é agradável, meu instrutor está me apoiando muito e preparando treinos específicos para eu ganhar condicionamento. E também podemos considerar que fazer atividade física dá sensação de prazer, como o chocolate e o sexo... ha ha ha ha ha... eu também tenho feito muito amor... rsrsrsrs (corei), ms isso não é porque eu parei de fumar, mas porque coincidiu de eu arrumar um namorado mais ou menos no mesmo momento... por isso, não se iludam!!! Ninguém passa a fazer mais sexo porque parou de fumar!!! Pode ser que você fique mais atraente, que o fato de não estar fedendo cigarro atraia as pessoas, a pele fica mais viva e te dá um brilho diferente... pode ser que você também comece a namorar, e aí sim, vai fazer mais sexo. Mas isso não está diretamente ligado ao fato de parar de fumar. Não quero enganar ninguém.

Se estou engordando???? Talvez... tenho preferido não me pesar, para que isso não interfira diretamente na decisão de parar de fumar. Mas é bem provável que esteja, considerando o tanto que tenho comido ultimamente. Na última quinta feira eu comi uma caixa de amanditas inteira sozinha!!! Por isso eu chamo aquilo de asmalditas... Coma uma e será quase impossível não comer a caixa inteira... pelo menos não quando você está tentando suprir a falta de alguma coisa.
Enfim, o saldo continua positivo: 2 semanas completas sem fumar e menos crises de abstinência. Parece que realmente com o tempo as coisas vão melhorando...

sábado, 18 de abril de 2009

12 dias de tratamento... 6 dias sem cigarro... a neurose bateu

O saldo é positivo: após 12 dias do início do tratamento com o Champix estou no sexto dia sem fumar. Quanto de chocolate nessa semana??? Um ovo de páscoa trufado de 250g inteiro, meia caixa de Ferrero Rocher (daquelas com 24), um pedaço do ovo de páscoa que eu dei pro meu namorado (e olha que eu nem gosto de chocolate branco), muita sobremesa de chocolate (em geral mousse) na hora do almoço, meio pote de sorvete napolitano e muito, muito chiclete (definitivamente meu maxilar vai cair). E a fome??? Eu virei uma draga!!! Nem com a fórmula que o endocrinologista passou não estou conseguindo controlar a fome... ou seria a vontade de comer??? Bebida alcóolica nem pensar... não dá para misturar tanto medicamento e ainda querer tomar um vinhozinho... que inclusive daria vontade de fumar. Hoje eu deixei de ir em um casamento porque não curtiria a festa em sua plenitude. Em compensação estou fazendo uma hora de esteira todos os dias, inclusive no final de semana. Se vai resolver eu não sei, mas diminui a minha culpa por comer tanto.
Hoje também o bicho pegou... À noite, em casa, depois de fazer mil coisas o dia todo, me vi sem muito o que fazer... e a vontade de fumar foi aumentando. Começou a dar um aperto no peito, eu me imaginava levando o cigarro à boca e dando uma tragada profunda, com muito gosto... cheguei a pensar em pedir para a Alessandra me dar um cigarro, só para matar a vontade... mas a vontade continuará vindo. E nessas horas eu vou fumar apenas um cigarro para matar a vontade??? Não, eu não podia fazer isso. Seria uma decepção para mim e para as pessoas que estão me apoiando e confiando em mim. O aperto no peito foi aumentando... comecei a rezar... me sentia como um drogado pedindo para ser amarrado à cama evitando assim que me drogasse de alguma forma... Mas a nicotina também não é uma droga??? A única diferença é que por enquanto ainda é uma droga legalizada. A vontade foi ficando maior... tomei um Pasalix para ver se me acalmava... mas nada fazia essa vontade passar... eu não queria nem sair do quarto porque eu poderia ir direto na gaveta da Alê, onde sei que ela guardou meu último maço de cigarros... Não, eu não poderia fazer isso... então veio, com toda força... aquele aperto no peito se transformou em choro, um choro sentido, de saudade, de dor, de necessidade... mais uma vez o corpo estava implorando pela nicotina. E eu não poderia ceder. Chorei, como há muito tempo não chorava. A Alê correu para me acudir... ficou ao meu lado e vendo minha dor ela quase sugeriu que eu fumasse um cigarro. "Só segura ele na mão, não precisa acender". Mas eu sei que se eu chegasse perto dele eu não resistiria e o acenderia... na minha cabeça passava: "só um traguinho"... e me culpava por esses pensamentos...
não é fácil...
Aos poucos fui me acalmando e foi aí que me veio a idéia de fazer esse blog. Não sei se todas as pessoas que decidem parar de fumar passam necessariamente por momentos como esse. Talvez algumas pessoas não tenham toda a dependência emocional que eu tive com o cigarro durante todos esses anos. Mas alguém, em algum lugar está sofrendo tanto quanto eu.
A vontade ainda não passou, mas estou tentando não pensar nela enquanto estou sentada aqui escrevendo... eu até poderia fumar um cigarro agora já que a Alê saiu e estou sozinha em casa. Mas a quem eu estaria enganando? Eu não sou criança e tenho que arcar com a responsabilidade pelas minhas escolhas. Um dia eu escolhi começar a fumar porque achava bonito meus amigos do colégio fumando, mesmo sabendo os males que isso poderia me causar ao longo dos anos. Hoje a minha escolha é pela minha saúde e bem estar... então vou arcar com essa responsabilidade e aguentar passar por toda essa dificuldade.
Agora eu vou dormir... amanhã será um novo dia e como uma fumante em recuperação (pois não existe ex-fumante, ex-alcoólatra, etc), vou continuar contabilizando minhas horas, uma de cada vez, até o momento que "não fumar" se tornará algo tão normal em minha vida quanto tomar banho...

Como atingi as primeiras 24 horas...

Na postagem anterior eu contei que a orientação da psicóloga era que eu deixasse o remédio agir. Pois bem, comecei a tomar o remédio e continuei fumando normalmente (afinal em algum momento ele faria o efeito desejado). Ok, lá pelo terceiro dia, ainda com doses homeopáticas de Champix (ficou estranho isso...), o cigarro começou a ficar com um gosto estranho. Fiquei na dúvida se era mesmo efeito do remédio ou se eu tinha comprado um maço de cigarros que estivesse velho. Mas eu quis acreditar que era o remédio. E era mesmo.
Lá pelo quarto ou quinto dia, quando começa a aumentar a dosagem, percebi que fumar já não era tão gostoso... não pelo sabor do cigarro, mas pelo prazer que ele proporcionava (e esse prazer só quem fuma pode saber como é). Não dava mais o "barato"... Aproveitei a oportunidade e diminuí a quantidade de cigarros. De um maço por dia, passei a 7 ou 8 cigarros por dia. Espacei cada vez mais um cigarro do outro e procurei cortar aqueles mais difíceis: após as refeições, dirigindo e o do banheiro... Foi horrível!!! A sensação era de estar abandonando um grande amigo. Um companheiro de 17 anos, que esteve comigo nos piores momentos e nas maiores comemorações da minha vida. Como é que eu poderia abandoná-lo agora? Chorei muito e busquei apoio da psicóloga do programa. O que ela me disse eu já sabia (afinal também sou psicóloga), mas precisava ouvir de outra pessoa: eu estava exigindo demais de mim, além de estar sim vivendo o luto por abandonar meu grande amigo. Algo normal e necessário no processo...
Ok, então melhor deixar que o remédio faça o seu papel...
No quinto dia do tratamento, eu contabilizava apenas 3 cigarros. Mas com alguns poréns: o remédio estava me tirando o sono: passei a acordar sozinha às 6 da manhã!!! o que, para quem me conhece, é um absurdo; e ficar muito mais ansiosa do que eu normalmente já sou.
No domingo de Páscoa levantei às 7hs da manhã, passei roupa, levei os cachorros para passear, recolhi a bagunça da casa, fui ao shopping e por volta do meio dia eu tinha fumado apenas um cigarro. Que vitória!!! Mas era difícil. Ficar sem fazer nada me remetia ao cigarro e ficava mais difícil esquecê-lo. Às 3 da tarde não aguentei e fumei mais um cigarro, mas me desafiei a ficar o maior tempo possível sem fumar. Cada hora era uma vitória e se eu completasse 24 horas eu seguiria sem ele. E assim foi... na segunda-feira comemorei as minhas primeiras 24 horas sem fumar e dali em diante cada hora que passava me animava e motivava mais. Eu estava conseguindo! Claro que com apoio do programa, da minha amiga irmã e do meu namorado, mas muito mais pela minha vontade, o meu desejo de parar de fumar. Nenhum dos dois exigia demais de mim. Pelo contrário, diziam que se a vontade batesse forte, que eu não me punisse, mas que fumasse um cigarro sem culpa pois o processo é difícil mesmo. Nesse meio tempo descobri que o chocolate dava o "barato" que o cigarro não dava mais. E na Páscoa ainda, com um ovo trufado, um Alpino de 500g e uma caixa de Amandita... quem resiste???
Ainda na segunda-feira tive minha primeira crise de abstinência, antes mesmo de completar as 24 horas: meu coração disparou, deu tremedeira e eu fiquei "pilhada"... Era o corpo pedindo nicotina. Percebi os sintomas mas não me entreguei... a meta agora era atingir 48 horas. Eu me sentia como um alcóolatra em recuperação no AA: "um dia de cada vez". Eu contabilizava horas: uma hora de cada vez.
A semana foi passando e cada dia que eu conseguia ficar sem o cigarro era uma comemoração: minha e de todas as pessoas que estão do meu lado nessa jornada.
Alguns momentos foram mais difíceis, mas usei de todos os truques que aprendi no programa. Mascar chiclete (meu maxilar vai cair!!!), mudar um pouco minha rotina para desassociar as atividades do cigarro, fazer atividade física todos os dias (afinal eu não quero engordar), levar mais os cachorros para passear, escovar os dentes imediatamente após as refeições pois pasta de dente e cigarro não combinam, cortar bebida alcoólica e baladas (combinação explosiva para quem atravessa esse processo)... enfim, há muito mais dicas do que essas e é lógico que isso não é eterno, porque em algum momento o fato de fumar ficará na lembrança e dará para curtir uma baladinha, tomar uma cervejinha e estar ao lado de pessoas que ainda não descobriram os benefícios de parar de fumar. Sim, porque há muitos benefícios no meio de tanta dificuldade. Eu hoje consigo sentir o meu perfume no meu corpo durante todo o dia!!! E eu nem sabia que meu perfume tinha um poder de fixação tão grande! Posso beijar meu namorado com muito mais gosto do que antes... e não é que o beijo dele é muito melhor do que eu pensava??? As pessoas não me olham mais como se eu fosse um E.T. , não perco mais tempo de trabalho indo até o fumódromo, respiro melhor e me sinto mais disposta na hora de fazer atividades físicas. Fora os outros benefícios que virão com o tempo, afinal as coisas não mudam assim de uma hora para outra, depois de 17 anos fumando.

Quando decidi parar de fumar...

Eu decidi parar de fumar por vários motivos: perdi meu pai e meu irmão com câncer no pulmão, um dia eu vou engravidar e não quero ver meu filho nascer viciado em nicotina, meu namorado não gosta de cigarro mas suporta por gostar de mim e vergonha. Isso mesmo, vergonha. Cada dia que passa um novo projeto de lei é aprovado e o mundo dos fumantes vai ficando cada vez mais restrido, as pessoas olham com nojo como se fossemos escória da sociedade e o cheiro... como a gente fede!!! Todo mundo consegue saber quem é fumante antes mesmo de chegarmos perto. Imagine o que o meu namorado sentia cada vez que me abraçava, me beijava... será que ele achava que estava lambendo um cinzeiro? (eu nunca tive coragem de perguntar, mesmo agora...).
Então, a empresa em que trabalho iniciou mais uma turma do Programa de Apoio ao Fumante. Com esse programa temos sessões de terapia em grupo, o nosso médico do trabalho avalia o perfil de cada participante e prescreve um medicamento (Champix ou Ziban) ou adesivos. Além disso, a empresa patrocina 90% do medicamento... faça as contas: o kit completo do Champix custa R$ 1.000,00 mais ou menos. Assim, quando vi o conteúdo do programa percebi que era o meu momento, que era agora!!! Mas, tem um porém... eu não quero engordar. E eu sei que quem pára de fumar, invariavelmente engorda porque precisa substituir o cigarro com alguma outra coisa que normalmente é a comida...
Então, me preparei com toda vontade... fui ao meu endocrinologista e pedi um medicamento que me ajudasse a não engordar. Até porque parar de fumar e emagrecer ao mesmo tempo é algo sobrehumano.
O médico da empresa receitou o Champix e a orientação da psicóloga foi que eu deixasse o remédio agir por conta, que em aproximadamente 10 dias eu estaria com asco do cigarro.
Ok, por enquanto não preciso fazer um grande esforço, nem usar de toda minha força de vontade. Em algum momento vou largar o cigarro e nem querer mais olhar para ele... Será? Vamos esperar para ver...